«O Segredo do Rio»
(Miguel Sousa Tavares)
em poesia
Vamos
contar uma história
Entre
um rapaz e um peixe
Que
ficou para a eternidade!
O rapaz vivia numa casa
Rodeada por um pomar
Nunca faltava fruta fresca
Para ele se deliciar!
Havia
também dois carvalhos
Que
a casa parecia guardar
Davam
uma bela sombra
E
muita beleza ao lugar!
Mas
o seu sítio preferido
Era,
sem dúvida, o ribeiro
Onde
tomava longos banhos
E
brincava o ano inteiro.
Todos
adoravam o rio
E
com ele tinham muito cuidado,
Pois
a água limpa era um milagre
Que
não podia ser estragado.
Na
margem daquele ribeiro
Havia
um pequeno espaço de areia
Onde,
de dia, apanhava sol
E
à noite uma brisa ligeira.
Numa
noite de Verão
Algo
inesperado aconteceu
Ouviu
barulho e escondeu-se
E
um grande javali apareceu.
Vinha
com os seus filhotes
Para
a sede poderem matar
Com
a água fresca do ribeiro
E
o rapaz ficou a observar.
Mas
a maior aventura do rapaz
Estava
para acontecer
Foi
numa tarde de Primavera
Com
tudo florido a valer!
O
rapaz estava de bruços
Na
pequena praia de areia
Distraído
a brincar
Ouviu
uma barulheira.
O
estrondo vinha da água
Por
isso, olhou admirado
E
viu um peixe enorme
A
dar saltos entusiasmado.
Nunca
vira um peixe tão grande!
E
ficou quieto na margem
Com
medo e sem reação
Nem
para fugir tinha coragem.
O
peixe despreocupado
Nadava
sem parar
Como
se fosse o dono do lago
Logo
começou a falar:
-
Ó rapaz, vives aqui? -
Perguntou
sem hesitar.
Ele
apenas tremia de medo
E
só conseguia gaguejar:
-Vi-vi-vo-
respondeu por fim
-
Mas que bonito lugar!
A
água é muito limpa
É
mesmo espectacular!
-És
tu o dono do lago? -
Continuou
o peixe falador.
O
rapaz respondeu que sim
E
ficou com um ar pensador…
Então
encheu-se de coragem
E
finalmente perguntou:
- Falas a língua das pessoas?
E
o peixe começou:
-
Eu nasci num aquário
Que
era de um rapazinho
Tratava
muito bem de mim
Era
mesmo meu amiguinho!
-
Falava tanto comigo
Que
eu acabei por aprender
A
linguagem das pessoas
Como
tu podes bem ver!
-
Mas eu cresci muito
E
no aquário já não podia morar,
Então
lançaram-me no rio
E
eu nadei sem parar.
-Subi
e desci ribeiros
À
procura do melhor lugar
Para
fazer a minha casa
Mas
nada me consegue agradar.
O
rapaz ficou em silêncio
A
pensar no que fazer.
Que
coisa mais estranha
Havia
de lhe acontecer!
Embora
gostasse muito
De
sozinho brincar
Tinha
pena do peixe
E
decidiu que ia ajudar.
-Que
espécie de peixe és tu? -
Perguntou-lhe
com curiosidade.
-
Sou uma carpa, um peixe do rio
E
vivo até muita idade!
-
Vamos fazer um acordo?
Podes
ficar aqui a morar
Mas
que falas a nossa língua
Ninguém
pode imaginar!
Decidiram
ser amigos
E
juntos aprenderam a brincar
Riam
e jogavam à bola
E
não paravam de conversar.
Os
dias com mais calor
Vieram
com o verão
Nadavam
juntos e mergulhavam
E
assim passou essa estação.
O
verão terminou
E
os dias de calor continuaram
O
Outono chegou
Mas
as chuvas não começaram.
A
comida escasseava
E
o pai estava preocupado
Resmungava
muito sozinho
E
andava sempre calado!
De
semana para semana,
Tudo
ficava pior
A
fruta apodrecia nas árvores
Era
a tristeza em redor!
Por
isso a mãe sugeriu-lhe
A
carpa ir apanhar
Como
era muito grande
Muito
alimento ia dar.
O
rapaz ficou aflito
Tinha
medo do seu amigo perder
Então
correu a avisá-lo:
-
Vá, toca a desaparecer!
-
Tens mesmo que ir embora!
E
explicou-lhe a razão
-
A comida escasseia
E
vais ser tu a refeição.
Foi
uma despedida difícil
As
lágrimas corriam livremente
Aquela
terrível separação
Podia
ser para sempre!
O
peixe desapareceu!
Mas
que grande deceção
O
pai ficou desolado
Com
o coração na mão.
Todos
andavam tristes
O
rapaz nem ao rio ia
Tinha
perdido o encanto
A
sua verdadeira magia!
Desde
esse triste dia
Duas
semanas passaram
E
numa bela noite de outono
As
alegrias voltaram.
Uma
agitação conhecida
Na
água do rio percebeu
Olhou
atentamente
E
o peixe apareceu.
Sem
demora calçou as botas
E
pela janela pulou
Estava
tão tão feliz
Que
pela água dentro entrou.
-
Olá amigo, voltaste!
-
Sim, para viver aqui outra vez
Já
resolvi o vosso problema,
Tenho
comida para todos vocês.
Então
o peixe contou
A
aventura ao petiz
Para
conseguir os alimentos
E
fazer a sua família feliz!
-
Quando saí daqui lembrei-me
Que
há um tempo dormi
Num
barco naufragado
E
no porão alimentos vi.
-Eram
latas de conserva
Por
isso tive uma ideia
Regressar
a esse barco
E
retirar a carga inteira.
-
Estendi uma rede no chão
E
num saco gigantesco a transformei
Passei
tudo para lá
E
muito satisfeito fiquei.
-
Como era muito grande
Sozinho
não o podia puxar
Chamei
então outros peixes
Mas
não me conseguiram ajudar.
Foi
então que aconteceu
Uma
coisa espetacular
Apareceram
duas raposas
Dispostas
a cooperar.
Expliquei-lhes
a intenção
E
elas quiseram colaborar
Durante
dias e noites
Foi
puxar até fartar.
-
Onde estão agora as raposas?
-
Foram embora, mas vão voltar
E
numa festa à roda da fogueira
Iremos
juntos comemorar.
-
O que vocês fizeram
Foi
mesmo espetacular!
Amanhã
contarei ao meu pai
Que
o saco com comida conseguiste arrastar.
-
Ele ficará muito contente,
Mas
uma coisa vamos combinar
O
nosso segredo mantém-se
Ninguém
saberá que consegues falar.
-
Ainda lhe vou dizer
Que
és inteligente e nosso amigo,
Que
nos salvaste da fome
E
que viveres aqui é bem merecido.
O
rapaz contou aos pais
E
toda a manhã trabalharam
Latas
de comida de todo o tipo
Para
casa carregaram.
-
O peixe é especial
Embora
não consiga falar.
O
rapaz sorriu encantado…
Se
o pai pudesse imaginar.
A
primeira coisa que o pai fez
Quando
acabou de almoçar
Foi
elaborar uma tabuleta
Com
o aviso”Proibido pescar”.
Colocou-a
ao pé do rio
E
o rapaz seguiu o exemplo
Escrevendo
numa outra tabuleta
Este
lindo pensamento:
“ Este rio tem um segredo
e esse
segredo é só meu.”
Trabalho
elaborado por Joana Gomes 6.º C,
apresentado numa sessão de leitura em conjunto com o Encarregado de Educação.
Está incrivél, Joana!!
ResponderEliminarTens muito talento para escrever poesia, continua assim e terás futuro!!!!!
Nem tenho palavras para descrever este texto. Está maravilhoso. :)
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