O castanheiro

O castanheiro situava-se numa pequena quinta de um agricultor.
Essa quinta tinha muitas flores: em canteiros tinha rosas com pétalas grandes e vermelhas, tinha lírios brancos, amarelos e lilases. Tinha também muitas oliveiras e árvores de fruto: laranjeiras, macieiras, pereiras, cerejeiras, limoeiros… mas, nenhuma dessas árvores se destacava tanto como o magnífico castanheiro que, no outono, dava castanhas e, no verão, dava sombra e abrigava os ninhos dos passarinhos.
O agricultor, um senhor já de alguma idade, careca, baixo, mas elegante, esforçava-se muito pela sua quinta: regava-a todos os dias com o maior carinho e ternura que conseguia e podia. A casa do agricultor ficava num dos lados da quinta. Era uma casa grande e vistosa e nela moravam o agricultor e o seu filho.
Certo dia, o agricultor começou a sentir-se mal e ficou doente. O seu filho levou-o ao médico; o médico recomendou que ele fosse visto por outros médicos e assim foi mas nenhum encontrou cura para a sua doença.
O agricultor ia todos os dias ver o castanheiro e desabafava como estava a ser difícil a sua vida; o castanheiro ouvia sem nada dizer.
O castanheiro, à medida que o agricultor ia ficando cada vez mais doente, também entristeceu e foi perdendo muitas das suas belas qualidades: deixou de dar muitas castanhas e as que dava eram pequeninas e a maior parte delas estavam estragadas.
Passados uns tempos, os sinos da igreja tocaram: o agricultor tinha morrido.
Na primavera seguinte, o castanheiro também não voltou a enverdecer.
A partir daí, todos os que por lá passavam, passaram a acreditar que as árvores também podiam morrer de desgosto.
O filho do velho agricultor talvez tenha pensado no mesmo. Um dia, chamou uns madeireiros que cortaram o castanheiro seco e enorme. Partiram-no em cavacos e, no inverno seguinte, dia a dia, sentado à lareira, aquecia-se com eles. Olhava a chama amarela e alaranjada e lembrava-se de tudo o que já tinha perdido!
Manuel Duarte, Nº12, 6ºB
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