domingo, 4 de dezembro de 2011

O castanheiro

                Era uma vez um castanheiro. Esse castanheiro era gigante, com um tronco muito grosso e também muito alto, os ramos dele tinham quase oito metros de comprimento cada um e eram um pouco grossos de largura, mas era um castanheiro bonito. Os seus ouriços eram redondos com uma esfera cheia de picos, bem afiados, bem grossos e, principalmente, bem assustadores. E, o que os ouriços continham, também não era nada de pequeno: eram castanhas também muito grandes e muito gostosas; pelo menos, era o que diziam.

                O castanheiro situava-se numa pequena quinta de um agricultor.

                Essa quinta tinha muitas flores: em canteiros tinha rosas com pétalas grandes e vermelhas, tinha lírios brancos, amarelos e lilases. Tinha também muitas oliveiras e árvores de fruto: laranjeiras, macieiras, pereiras, cerejeiras, limoeiros… mas, nenhuma dessas árvores se destacava tanto como o magnífico castanheiro que, no outono, dava castanhas e, no verão, dava sombra e abrigava os ninhos dos passarinhos.

                O agricultor, um senhor já de alguma idade, careca, baixo, mas elegante, esforçava-se muito pela sua quinta: regava-a todos os dias com o maior carinho e ternura que conseguia e podia. A casa do agricultor ficava num dos lados da quinta. Era uma casa grande e vistosa e nela moravam o agricultor e o seu filho.

Certo dia, o agricultor começou a sentir-se mal e ficou doente. O seu filho levou-o ao médico; o médico recomendou que ele fosse visto por outros médicos e assim foi mas nenhum encontrou cura para a sua doença.

O agricultor ia todos os dias ver o castanheiro e desabafava como estava a ser difícil a sua vida; o castanheiro ouvia sem nada dizer.

O castanheiro, à medida que o agricultor ia ficando cada vez mais doente, também entristeceu e foi perdendo muitas das suas belas qualidades: deixou de dar muitas castanhas e as que dava eram pequeninas e a maior parte delas estavam estragadas.

Passados uns tempos, os sinos da igreja tocaram: o agricultor tinha morrido.

Na primavera seguinte, o castanheiro também não voltou a enverdecer.

A partir daí, todos os que por lá passavam, passaram a acreditar que as árvores também podiam morrer de desgosto.

O filho do velho agricultor talvez tenha pensado no mesmo. Um dia, chamou uns madeireiros que cortaram o castanheiro seco e enorme. Partiram-no em cavacos e, no inverno seguinte, dia a dia, sentado à lareira, aquecia-se com eles. Olhava a chama amarela e alaranjada e lembrava-se de tudo o que já tinha perdido!





Manuel Duarte, Nº12, 6ºB    

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