A menina e a lua
Naquela manhã de primavera, a Joana
saiu de casa muito triste, pois aproximava-se um dia de escola. Subiu umas
poucas de rampas e de escadas, até chegar à estrada.
Ao pé da estrada, do lado direito,
havia uma paragem de autocarro, onde todos os “amigos” de Joana se sentavam à
espera do autocarro. Na realidade, as pessoas que se sentavam nesse banco não
eram amigas de Joana, pois ela não tinha amigos.
Joana era uma menina baixa, que
tinha um cabelo liso e preto, os seus olhos eram cor de avelã e a sua boca era
como uma romã, bem encarnada. Ela não tinha amigos, pois todos gozavam com ela
por ser tão baixa e usar óculos. Passava no corredor da escola e o que mais
ouvia eram alunos a insultá-la que diziam “És uma caixa de óculos!” e muitos outros
insultos. Assim, Joana acabava por se isolar num canto da escola, onde chorava
para deitar a sua dor toda para fora, pois não tinha com quem desabafar.
Nas aulas ninguém queria ficar ao pé
dela, então era obrigada a ficar sempre sozinha. Não era muito boa aluna, pois
não tinha auto-confiança e, com todas as bocas, Joana ainda se ia mais abaixo.
Por vezes preferia calar-se, não se defender e deixar-se levar pelo que as
outras pessoas diziam.
Quando chegava a casa, os pais ainda
estavam a trabalhar, então Joana trancava-se no quarto e estudava com pouca
concentração, mas quando anoitecia e a lua subia ao céu, Joana vestia um
casaco, abria a janela e punha-se a falar com ela.
Por muito estranho que pareça, a lua
era a única amiga de Joana, era com a lua que ela expressava os seus
sentimentos.
Podem não acreditar, mas tudo é
possível, porque um dia a lua falou com Joana. Lembro-me perfeitamente desse
momento como se tivesse acontecido ontem. Eram onze horas da noite e Joana
chorava, chorava, então ouviu-se uma voz suave e meiga que dissera:
-Não chores, Joana!
Joana, ouvindo isto, parou de chorar
e soluçando, com uma voz baixa, sussurrou:
-Quem és tu?
-Sou a lua, estive a ouvir e a
ver-te todos os dias quando falavas para mim pela janela, mas eu não gosto de
te ver chorar.
-Mas eu estou muito triste, não
tenho amigos!
-Tens, tens, tens-me a mim, eu sou
tua amiga!
-Sim, eu sei mas todos os outros
meninos gozam comigo!
-Amanhã é dia de escola, e quando os
teus colegas te insultarem, segues em frente e não ligas ao que eles dizem.
Mas, agora, mudando de assunto, queres vir dar um passeio pelo céu?
-Claro que sim, nunca na vida eu
iria recusar!
No dia seguinte, Joana parecia outra
pessoa, totalmente diferente, muito mais divertida e alegre e nunca mais voltou
a chorar nos cantos da escola. Ela fez muitos amigos e os seus outros colegas
deixaram de a chatear.
E tu? Nunca te deixes ir a baixo com
coisas que os totós de alguns dos teus colegas te dizem. Segue em frente e vive
a tua vida ao máximo!
Carolina
Raquel Rocha Ferreira Nº2 6ºA